Open Collective
Open Collective
Loading
Colonialismo à Portuguesa (parte 2) e uma bolsa para o Interruptor
Published on June 16, 2021 by Rute Correia


 Olá, 

Quando o racismo é normalizado, qual o impacto na vida de milhares de africanos e afrodescendentes? Já está cá fora a segunda parte de Colonialismo à Portuguesa

Neste episódio, analisamos a experiência imposta à população negra em Portugal pelos resquícios do colonialismo – na violência a que está sujeita, na normalização do racismo pela comunicação social e na resistência constante ao espartilho do sistema. Falamos das mortes de Alcindo Monteiro e de Bruno Candé, e da ineficácia de um sistema que castiga mais do que protege. E visitamos um dos casos de maior vergonha para o jornalismo nacional: o pseudo-arrastão de 2005. 

Tal como no capítulo anterior, ouvimos Carlos Pereira (humorista e repórter do 5 Para a Meia-Noite), Vítor Sanches (fundador do projeto e loja cultural Dentu Zona), Paula Cardoso (fundadora da plataforma Afrolink) e Helena Vicente (investigadora do Instituto de Ciências Sociais). 

Das leituras adicionais que partilhámos nas notas do episódio, destacamos: "A Vítima Perfeita", de Fábio Monteiro para o Observador (2014), uma reportagem-reconstituição dos acontecimentos da noite de 10 de junho de 1995. Nessa noite, mais de uma dezena de pessoas negras foram violentamente atacadas por um grupo de cabeças-rapadas de inspiração neo-nazi. Alcindo Monteiro foi a vítima mortal desse ataque de ódio, que só não matou mais porque não calhou. Ainda sobre este caso, não podemos deixar de recomendar a leitura do debate parlamentar de dia 16 de junho de 1995, em que foram aprovados votos de pesar pela morte de Alcindo Monteiro. 26 anos depois, a mudança anda a passo de caracol.

Sobre o pseudo-arrastão, o melhor resumo sobre como a comunicação social fabricou o acontecimento está nos trabalhos de Diana Andringa e na deliberação da Alta Autoridade para a Comunicação face à queixa apresentada pela Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial. São 51 páginas que incluem a cronologia das reportagens e uma listagem quase inconcebível de atitudes negligentes que nunca tiveram reparação. 

Cimentando o futuro do Interruptor 


O Interruptor acaba de receber uma bolsa de 27 mil euros (33 mil dólares) da Grant For The Web.
Integramos a lista de 25 selecionados entre 70 candidaturas, sendo um de dois projetos financiados nesta ronda ligados ao jornalismo. Partilhamos esta notícia contigo em primeira mão, porque o teu apoio foi fundamental para que acontecesse. 

É uma bolsa de curto prazo, mas serve de empurrão para um futuro de Interruptor bem ligado. O objetivo da bolsa é o desenvolvimento e a implementação do padrão Web Monetization e do protocolo Interledger, ambas tecnologias experimentais de monetização de conteúdo online.

Ao longo dos próximos seis meses, eu, o Ciaran Edwards e o Ricardo Correia (a equipa residente do Interruptor) estaremos focados na integração desta tecnologia no nosso site, enquanto expandimos a oferta jornalística. Reforçando o compromisso de manter todo o conteúdo aberto e acessível, o nosso esforço estará concentrado no desenvolvimento de funcionalidades adicionais para o site, que serão lançadas no decorrer do semestre.
O processo será documentado num novo blogue tecnológico do Interruptor, criado especificamente para o efeito e divulgado em breve. O software desenvolvido no âmbito deste programa será, naturalmente, partilhado de forma livre e aberta.

Gostávamos de contar contigo para testares as novidades que formos implementando e para nos ajudares a melhorar o Interruptor. Enquanto não nos decidimos sobre uma plataforma mais "direta", relembro que podemos sempre iniciar conversas através do Open Collective.

Obrigada por estares desse lado,
Rute