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O que esconde a pontuação dos livros?
Published on September 17, 2021 by Rute Correia

Na semana passada, um tweet do Tiago Charters chamou-me à atenção. Era uma imagem com a pontuação usada por José Saramago em "O Evangelho segundo Jesus Cristo": carreiras de vírgulas sem fim à vista e muito poucos pontos finais. Bem sabemos que a pontuação é uma das marcas diferenciadoras da escrita de Saramago, mas de que forma distingue outros autores?

Para responder a esta pergunta, analisámos 25 obras de autores portugueses de referência, num esforço de representação de várias épocas e estilos de prosa literária dos últimos 150 anos. 

José Saramago e Valter Hugo Mãe servem-se apenas de vírgulas e de pontos finais. Lídia Jorge usa pontos de interrogação e exclamação, mas deixa de fora parêntesis, dois pontos e ponto e vírgula. António Lobo Antunes e Hélia Correia nunca usam pontos de exclamação.

Noutras descobertas interessantes, percebemos que certos pontos deixaram de ser usados ao longo do tempo, por exemplo.

Como já começa a ser habitual, também fizemos gráficos que ficaram pelo caminho.


A ideia deste gráfico era ilustrar a diferença de tamanho entre obras. Como mostrámos uma comparação da proporção de pontuação em cada obra, considerámos que este não acrescentava muita informação.  Sim, o número de palavras únicas tem uma correlação positiva com o número total de palavras.

Algo que ficou por fazer é uma comparação mais aprofundada por autores, nomeadamente no que respeita à evolução do estilo de cada um ao longo do tempo.

Obrigada pelo teu apoio,
Rute