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3500 concertos depois, o silêncio dos grandes festivais trava o resto da música
Published on October 29, 2021 by Rute Correia

Acabámos de publicar um artigo de dados no Interruptor. 3500 concertos depois, o silêncio dos grandes festivais trava o resto da música é uma análise à última década de festivais de verão em Portugal, com foco na programação.

Nesta reportagem, ouvimos Hugo Gomes (teclista dos Sensible Soccers), Vanessa Careta (programadora da promotora Everything Is New), Afonso Ferreira (da agência de talentos Bridgetown) e Ricardo Bramão (da Aporfest - Associação Portuguesa Festivais Música) para compreender as dinâmicas de programação, e os efeitos que os festivais têm em toda a indústria musical.

Este artigo foi idealizado no ano passado, seria o capítulo final da série Estamos a ouvir mais música portuguesa?. O nosso plano era compilar os cartazes de todas as edições dos festivais de música generalista considerados "os grandes" e perceber como tinha evoluído o espaço da música nacional nestes eventos. Acontece que essa recolha não foi nada fácil: dos cartazes incompletos à dificuldade extrema de confirmar alinhamentos pré-2005/2006, acabámos por abandonar a ideia na altura, mas o bichinho ficou por aqui, a remoer. Este verão, resolvemos avançar, ajustando o formato.

7 festivais * 11 anos = +3500 concertos (e uma bela dor de cabeça)


Ao longo dos últimos meses, o nosso Ricardo recolheu meticulosamente os cartazes dos últimos onze anos (2009-2019) de sete festivais de verão nacionais, em jeito de expedição arqueológica. Alguns sítios web, como o Festivais de Verão, listavam a maioria dos cartazes, mas a inconsistência na formatação de dados impedia uma automatização eficiente da recolha. Visto não existir nenhuma base de dados pública que compilasse esta informação, confirmámos os dados cruzando informação de vários meios de comunicação e outra partilhada pelas promotoras. Enfim, escavámos tudo à moda antiga, que é como quem diz "à mão".

As quatro entrevistas que fizemos foram bastante extensas e ricas. A maior parte dos depoimentos completavam-se, embora as diferentes atividades acrescentassem perspetivas diferentes ao assunto. Sabíamos, à partida, que o nosso foco estaria nos artistas e na programação dos festivais. À medida que avançámos, porém, percebemos a necessidade de detalhar lógicas e dinâmicas de programação, uma vez que as decisões e os processos não são claros para quem não domina a área.

Paralelamente, vimo-nos a braços com um impasse habitual: qual a informação que  importa mostrar? Após a demanda inicial, era óbvio que classificar a nacionalidade e o género de todos os artistas, sobretudo dos menos conhecidos, não seria exequível em tempo útil. Daí que tenhamos optado por orientar os holofotes para o palco principal - cerca de mil concertos, menos de um terço do total de entradas.

De fora ficaram também outras impressões, como: semelhança entre cartazes, evolução do número de palcos e de concertos, preço por concerto.

As várias formas do mesmo gráfico


O gráfico dos artistas mais populares conheceu várias tentativas. Esta (abaixo) permitia uma comparação facilitada entre as vezes que cada artista tocou em cada festival, mas dificultava a compreensão do total de concertos. No final, acabámos por também mudar o título para algo um pouco menos atrevido. 

Já o da percentagem de música portuguesa, começou como um mapa térmico (abaixo), mas esta visualização tem vários problemas, nomeadamente "falsas leituras". Por exemplo, como o Rock In Rio só se realiza de dois em dois anos, dava a impressão de ser um dos piores posicionados neste indicador, algo que não corresponde à verdade. 

A leitura, como de costume, é longa. Espero que gostes.

Obrigada pelo teu apoio.

Até já,
Rute



Tiago Carreira

Posted on October 29, 2021

Bom update para os fãs.
Obrigado pela explicação e detalhes de caminhos deixados (e que apesar de não serem vistos no final, não deixam de ter ocupado espaço, tempo e dedicação)
❤️  1