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Mais gráficos para conhecer melhor o cinema em Portugal e um aperitivo para 2022
Published on December 17, 2021 by Rute Correia

Olá,

Em média, cada pessoa em Portugal vai ao cinema menos de duas vezes por ano, mas talvez seja injusto assumir um desinteresse generalizado da população pela sétima arte. As pessoas em Portugal vão pouco ao cinema, mas será porque não querem ou porque não podem? Continuamos o retrato do cinema em Portugal, com foco no acesso.

Falamos sobretudo de festivais e de cineclubes, mas também da concentração dos espaços de exibição, das assimetrias entre Lisboa e o resto do país e da falta de sessões regulares em boa parte do território nacional. 

Alguns pormenores sobre estes mapas do cinema


A jóia deste artigo é o mapa dos cineclubes em Portugal. Pegámos na lista de cineclubes com atividade reportada em 2020 disponibilizada pelo ICA, mas recolhemos manualmente as suas moradas e contactos para que quem tenha interesse nestes grupos consiga alcançá-los com maior facilidade.

Também assinalámos onde se pode ir ao cinema em Portugal, criando um mapa interativo com o número de ecrãs, habitantes e sessões realizadas em 2021 em cada concelho. Do ponto de vista dos dados que queríamos transmitir, esta visualização foi a mais problemática. Criar um mapa em vez de um gráfico de linhas, por exemplo, significa que 1) não teremos uma comparação ao longo do tempo e 2) só conseguimos ver a representação de uma variável. 

Quando escolhemos ilustrar um determinado período, por regra, não trabalhamos com anos incompletos. Contudo, se mostrássemos apenas 2020, haveria uma distorção daquilo que é a "realidade habitual" (à falta de melhor, chamemos-lhe assim). No ano passado, o encerramento dos cinemas ditado pela pandemia, bem como a limitação das lotações durante a maior parte do ano, acabou por torná-lo um ano muito atípico. Por outro lado, se usássemos os valores de 2019, estaríamos a mostrar uma realidade já relativamente distante daquilo que vivemos, o que também seria uma certa deturpação do que existe hoje e agora, que é onde tendemos a concentrar a nossa atenção. Visto estarmos tão perto do fim do calendário, abrimos uma exceção e escolhemos trabalhar com os dados de 2021, assumindo que, não obstante algum atraso na recolha de dados pelo ICA ou sessões especiais de natal que ainda estejam por acontecer, o cenário não mudará substancialmente até ao final do ano.

Quanto à variável representada, o que importa mais: o número de ecrãs ou o número de sessões? Os valores absolutos ou o valor por habitante? A lotação das salas ou o número de espectadores? Acabámos por escolher o número de ecrãs (valor absoluto) por considerarmos fundamental na compreensão das assimetrias existentes, até, na possibilidade de exibição cinematográfica. Ao acrescentarmos a informação relativa ao número de habitantes e sessões de cinema realizadas este ano nas descrições, possibilitamos uma visão mais completa da realidade em cada município - quer na relação do número de salas por habitante, quer na existência de serviços regulares. Acresce que os valores por habitante são tendencialmente muito pequenos (zero vírgula muitas casas decimais), o que dificulta a leitura/compreensão do que significa realmente.

Um aperitivo para 2022


Este é o nosso último artigo do ano; regressamos em janeiro. À boleia das eleições legislativas, faremos a nossa primeira incursão pela política parlamentar portuguesa. É um dos vários temas em que nos iremos estrear no próximo ano.

Humor, gastronomia, turismo ou emigração são outros dos tópicos que esperamos trabalhar em 2022. Esta frase não é uma promessa de publicação. Ao longo de 2021, por várias vezes começámos artigos que tivemos de colocar de lado por falta de dados ou de uma metodologia que considerássemos suficientemente robusta (casos do humor ou da emigração). Mas temos trabalhado na definição de abordagens concretas e (acreditamos) realistas, confiantes de que conseguiremos fazê-lo em breve. Em 2022, prosseguimos naquilo que nos distingue: contar histórias com números, cruzando dados para compreender a cultura.

Um tema recorrente será o Brasil, já que 2022 será o 200º aniversário da sua independência. No Interruptor, abrimos as portas à opinião/expressão pessoal com uma colecção de doze trabalhos assinados por pessoas brasileiras, que publicaremos mensalmente. Convidámos três cronistas-curadores e, numa lógica de descentralização dos discursos e dos processos de mediação, pedimos que estendessem esse convite a outras três pessoas que considerassem relevantes neste contexto. Em breve, partilharemos a lista completa de cronistas que teremos a honra e o prazer de publicar. 

Obrigado pelo teu apoio. 

Boas festas,
Rute
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