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O que dizem os deputados?
Published on January 27, 2022 by Rute Correia


Olá, 

A propósito das eleições legislativas, e conforme já tínhamos prometido, analisámos seis anos de debates na Assembleia da República, mais precisamente os 619 debates parlamentares das XIII e XIV legislaturas (2015-2021). "O que dizem os deputados?", bem, fomos tentar descobrir.

Processámos mais de 150 mil intervenções, afunilámos o nosso conjunto de dados até à modesta quantia de cerca de 95 mil (excluímos as intervenções de membros do governo), espremendo-a até às 85 mil (tirámos as exaltações de apoio “Exatamente!” e “Muito bem!”), e criámos uma espécie micro-resumo do que cada partido privilegiou nos seus discursos em seis anos de trabalho parlamentar. Spoiler alert: inclui crocodilos, sapos e outras criaturas inesperadas.

Este resumo é microscópico, por várias razões. A primeira, naturalmente, porque processar uma quantidade de texto deste género é um empreendimento hercúleo, mesmo com a ajuda de máquinas. A segunda porque, perante possibilidades (quase) infinitas, não é fácil escolher quais os caminhos que queremos tomar. E a terceira, como habitualmente, porque a nossa ideia inicial era demasiado ambiciosa para o tempo que tínhamos. 

Entre gralhas e inconsistências, desbravar este terreno foi um exercício complexo, mesmo em tarefas aparentemente simples. Quando tentámos perceber qual o deputado que falava mais vezes percebemos que Pedro Filipe Soares (BE) surgia ocasionalmente como PedroFilipeSoares e Pedro Soares – um exemplo entre muitos. Já o Partido Ecologista “Os Verdes” aparecia mencionado de seis formas diferentes. Quando ampliamos este cenário para centenas de milhares de termos ou palavras, a verificação manual torna-se impossível. Por isso, deixámos de lado a ideia de comparar o peso de temas mais abrangentes (quem fala mais em ambiente, ciência, cultura, educação, saúde, etc), optando por apontar o foco às pessoas e ao tema que dita quase tudo o resto na política: a economia. 

Também deixámos de lado a ideia de encontrar as similaridades entre os discursos dos vários partidos, não só pela exigência técnica, como pela dificuldade que teríamos na representação gráfica do que encontrássemos. 

Uma das nossas maiores preocupações foi mitigar os desequilíbrios potenciados por amostras de tamanhos muito diversos (quer pelo número de deputados, quer pelo número e duração das legislaturas em análise) garantindo que os gráficos não levassem a leituras distorcidas. Foi, aliás, este contexto que levou a que ilustrássemos proporções em alguns casos (amostras maiores, como a importância de temas para partidos) e frequências absolutas noutros (amostras menores como menções a ideologias e à geringonça). 

Gráficos, gráficos, gráficos


O gráfico da evolução da geringonça foi o mais difícil de produzir. Queríamos fazer um mapa térmico, mas a discrepância entre a dupla PSD e CDS-PP face aos restantes criava uma visualização muito desequilibrada.

Também tentámos um gráfico de barras empilhadas, mas não ficámos convencidos. No final, acabámos por escolher um gráfico de área, que permite ver a evolução da utilização do termo ao longo do tempo tanto por partido, como no total. 

De fora, ficou também esta rosca sobre a repartição de intervenções por partido.


Espero que gostes do artigo.

Muito obrigada pelo teu apoio. ✊

Um abraço e até breve,
Rute