Duzentos anos de Brasil independente, dois de Interruptor e chamada aberta para novos trabalhos
Published on September 7, 2022 by Rute Correia
A coincidência é tão somente isso mesmo. Hoje assinalamos dois aniversários: o da independência do Brasil e o do Interruptor. 🥳
O primeiro, começámos a celebrá-lo no início do ano. A Série Brasil, uma série mensal de crónicas assinada por pessoas brasileiras a residir em Portugal, foi a porta de entrada de artigos de opinião no Interruptor. Numa tentativa de libertação do processo de mediação, convidámos três cronistas-curadores - o músico Luca Argel, o ilustrador e autor de BD Ciço Silveira, e a jornalista e ativista Flavia Doria - a escreverem no Interruptor, pedindo-lhes que também escolhessem outras vozes para ocuparem este espaço.
Nas nove crónicas publicadas até agora há desabafos, contos, banda desenhada, poesia, ensaios. Formas de expressão distintas que desaguaram no mesmo delta, retalhando racismo, sexismo, discriminação, desenraizamento, sobre dois países unidos por uma língua imposta, de costas voltadas à beira do Atlântico. Mas também há esperança e consolo, A crónica que publicamos hoje, de Carolina Elis, é um caso desses. Nunca gritaram-me negra é uma viagem pela desapropriação identitária até à à beleza e o conforto que o encontro do eu consigo próprio traz.
Se ainda não tiveste oportunidade de ler as restantes crónicas, ei-las:
- Dois Patinhos na Lagoa, de Luca Argel
- há uma torre do século treze sob meus sapatos terceiro-mundistas, de Gabriela do Amaral
- Na rua como uma Brasileira, de Alícia Medeiros
- O sonho de uma galinha sem‑nome, de Dori Nigro
- Pode a artista brasileira, imigrante e travesti Hilda de Paulo tomar a palavra?, de Hilda de Paulo
- Escritos para medir o silêncio, de Isabeli Santiago
- Reflexões sobre a identidade imigrante, pássaros e árvores que voam, de Flavia Doria
- FANTA UVA - pt(br) crónico, de Ciço Silveira
Também hoje, assinalamos o nosso segundo aniversário. Partilhamos a concretização deste sonho com todos os que nos apoiaram, com doações ou partilhas de artigos, elogios ou sugestões de melhorias. Partilhamos as dores de crescimento e as pequenas conquistas com quem aceitou o desafio de fazer parte desta aventura, de uma forma ou de outra. Chegar aqui pertence-nos a todos.
Somos o primeiro e (dois anos depois continuamos o) único órgão de comunicação social português dedicado ao jornalismo de dados. Há cerca de seis meses, escrevi uma longa mensagem aos nossos apoiantes sobre a dificuldade em garantir a sustentabilidade do projeto. Apesar de detalhar muitos dos desafios que enfrentamos, encerrava uma certa esperança relativamente ao futuro. E o futuro é (tem de ser!) dos mais novos.
Para as próximas semanas, temos alinhada a publicação de vários artigos assinados por jovens recentemente graduados em jornalismo. Ancorada na convicção da necessidade de descentralização dos discursos e da mediação, abrimos uma chamada para novos trabalhos. Utilizamos números para vermos a cultura sob perspetivas originais, mas outros pares de olhos fazem sempre falta.
Nos últimos dois anos, quantificámos a misoginia no hip-hop, analisámos o discurso dos deputados na Assembleia da República e os cartazes de uma década de festivais de música em Portugal, examinámos o Plano Nacional de Leitura e o cinema em Portugal, dissecámos a falta de representação étnico-racial na televisão portuguesa… Procuramos novas abordagens aos temas que nos rodeiam, tendo os dados como matriz. Agora, precisamos de uma ideia tua. Envia-a para ideias[at]interruptor.pt.
Deves incluir na proposta:
- o formato que sugeres (série, reportagem, artigo explicativo, ensaio, etc.)
- uma estimativa de número de palavras
- possível metodologia e estrutura
- data prevista da entrega do trabalho
Encorajamos candidaturas de pessoas de áreas de formação para lá do jornalismo, de zonas fora das grandes áreas metropolitanas e de grupos pouco representados nos meios de comunicação em Portugal. O trabalho é remunerado.
Muito obrigada pelo teu apoio ao longo destes 730 dias. Se ele, nada disto seria possível. <3
Um abraço,
Rute Correia,
diretora do Interruptor